Linha de Pesquisa

Linha 1- Questão Social e Diversidade Humana

Configurações sócio-históricas da questão social no Brasil. Expressões da questão social na perspectiva da teoria social crítica, temas transversais e interfaces na política social. As relações sociais de dominação e opressão de gênero, “raça”-etnia, geração, sexualidades e classe social. Diversidade humana, “políticas de identidade” e os movimentos sociais.

Essa linha preocupa-se com os estudos sobre as expressões particulares da questão social na formação social brasileira, especialmente em sua fase mais contemporânea, a partir de uma abordagem teórica que relaciona a questão social à acumulação capitalista e sua contradição inerente entre produção social de riqueza e apropriação privada, referenciada na teoria social crítica que segundo Tonet (2002, p. 09) pretende conhecer e interpretar radicalmente a ordem burguesa. Não cabe nessa proposição análises parciais e isoladas dos fenômenos sociais.

Ao contrário, essa concepção visa “compreender cada fenômeno como parte de uma totalidade, como momento de uma processualidade histórica e social; apreender, em cada fenômeno, a articulação entre essência e aparência, as mediações, as contradições que permeiam toda realidade social”. É com essa perspectiva analítica da realidade que buscamos oferecer  respostas à questão social.

Assim, é de interesse da linha, compreender as configurações atuais da política social no Brasil, no contexto de fortes ataques ao trabalho e de mundialização do capitalismo financeiro. A partir desse escopo mais geral, essa linha tem interesse particular em estudar, na dinâmica entre trabalho, questão social e políticas sociais, como se expressa a diversidade que caracteriza a reprodução das relações sociais no plano concreto da sociabilidade capitalista, sobretudo em dois aspectos: a) a diversidade étnico-racial, de gênero e geracional como aspecto fundamental para a compreensão da questão social no Brasil, tanto do ponto de vista da formação da classe trabalhadora e da constituição das desigualdades e opressões, quanto do ponto de vista da formação dos movimentos sociais e demais formas de resistência; b) a diversidade de demandas e de necessidades sociais, políticas e culturais que têm sido apresentadas como objeto de políticas sociais pelo conjunto da sociedade e o modo como tais questões estão sendo incorporadas por essas políticas. Ressalta-se a importância do reconhecimento do caráter antagônico que determina as relações de existência dos indivíduos sociais, por seu turno, atravessadas por processos de exploração e opressão.

 

Linha 2- Teoria Social, Trabalho e Serviço Social

Esta linha de pesquisa enfoca as análises sobre o trabalho no capitalismo, o que supõe atenção aos fundamentos teórico-metodológicos das referidas análises, com ênfase no contexto atual do mundo do trabalho. A análise volta-se para as formas históricas de organização do trabalho na sociedade do capital dando ênfase às atuais configurações do trabalho no capitalismo financeirizado e aos rebatimentos de suas expressões na realidade das classes trabalhadoras.

Nessa perspectiva, torna-se prioridade o tratamento rigoroso das referências analíticas no campo da teoria social, notadamente presentes nos debates nas áreas do Serviço Social, Sociologia e Economia Política. Portanto, o propósito central consiste em contribuir efetivamente para a produção de conhecimento sobre o trabalho no capitalismo e, especialmente, sobre as particularidades do trabalho de assistentes sociais em suas expressões clássicas e contemporâneas.

Essas referências articulam-se com as particularidades dos fundamentos históricos, teóricos e metodológicos do Serviço Social, estas por sua vez voltadas às análises do trabalho do(a) assistente social inserido(a) nos diversos processos de trabalho e suas correspondentes configurações institucionais - indissociáveis das políticas sociais em seus princípios e realizações históricas no Brasil. Esta linha de pesquisa ainda contempla com especial destaque a produção que inclui análises da questão social, do trabalho e do Serviço Social relativas às discussões e questões étnico/raciais, de gênero e geracionais presentes no debate sobre trabalho, Serviço Social e políticas sociais em consonância com a transversalidade proposta.

E, nesses termos, pretende-se avançar nas reflexões e na produção acadêmico-científicas sobre o Serviço Social em conformidade com as perspectivas da direção social estratégica da profissão, o que exige também atenção às análises sobre as expressões da questão social tomada como fundamento histórico e objeto do trabalho profissional.

As expressões da questão social compreendidas aqui como resultantes das relações de exploração atinentes ao binômio capital/trabalho, no momento atual, manifestas sobretudo nos impactos da precarização social do trabalho, serão também objetos de reflexão e investigação, bem como, os processos e relações sociais que as conformam em suas peculiaridades na construção e no desenvolvimento do Serviço Social na sociedade brasileira. Portanto, esta linha também assume como propósito analisar a multiplicidade dos discursos sobre o exercício profissional e a correspondente pluralidade de referências teórico-metodológicas presentes no debate da área disciplinar, com foco no debate contemporâneo. Ressaltamos, no entanto, que o foco na atualidade supõe o mergulho em toda a história de influências no âmbito da teoria social clássica e contemporânea.

 

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